RESIDÊNCIA DE CLÍNICA MÉDICA
MÓDULO CARDIOLOGIA
TESTE ERGOMÉTRICO, para o clínico
Avaliar a probabilidade pré-teste é extremamente importante. O exame é solicitado preferencialmente em pacientes com risco de DAC, com sintomas inconclusivos, em que o resultado possa fazer diferença no diagnóstico e conduta.
Não deve ser solicitado de forma indiscriminada, apenas como rotina.
Teste ergométrico em mulheres tem sensibilidade de 61% e especificidade de 70%, com maior chance de falsos positivos.
Definir o motivo de indicação para o exame:
O TE não é recomendável, sendo sem utilidade ou prejudicial, para o diagnóstico de DAC em pacientes com BRE, WPW ou marcapasso. Não devendo ser realizado em lesões significativas de TCE ou equivalentes, conhecidos. Angina instável progressiva ou de repouso não estabilizada, IAM em evolução ou complicações.
Independente da solicitação médica o ergometrista pode e deve contra-indicar ou adiar a execução do teste de esforço nas situações consideradas de risco elevado.
Protocolos: Bruce, Bruce-modificado, Ellestad, Rampa.
Avaliar se o teste foi máximo (220-idade) ou submáximo (85% da FC máxima) para garantir maior especificidade dos resultados na avaliação pós teste.
Pacientes de alto risco, com resultado negativo, continuar a investigação diagnóstica. Buscar possíveis motivos para resultado falso negativo.
Angina típica: dor torácica retroesternal ou desconforto, não localizado, em aperto, que é provocado por aumento de consumo de O2 e melhora com o repouso em menos de 10 minutos ou nitroglicerina.
Mulheres valorizar infra de ST > 1,5mm
Homens valorizar infra de ST > 1mm
Análise qualitativa: Infradesnível ascendente está associado à maior incidência de falsos positivos.
Análise quantitativa: quanto maior o infradesnível, maior a gravidade da lesão. Em infradesníveis > 3mm, predominam lesões de 3 vasos. Além disso, a extensão e severidade da DAC, têm sido relacionadas com o número de derivações em que se manifesta a depressão de ST.
Análise temporal: quanto mais precoce o aparecimento do infradesnível e mais tardio o retorno à linha de base na recuperação, maior a gravidade da lesão. Persistência do infradesnível por mais de 8 minutos da recuperação, ocorre mais frequentemente nas lesões de 3 vasos.
Alteração de ST somente na recuperação, valorizar? Sim. É resposta isquêmica na fase de exercício e na recuperação, principalmente no início. Após 4° ou 5° min, menos importante (HAS ou dist. Hidroeletrolítico)
Supradesnível de ST: em ZI prévias, pode significar viabilidade. Sem fibrose prévia é sinal de gravidade e alto risco.
Quanto às medicações, suspender ou não antes do teste?
A decisão sobre suspender a medicação (beta-bloqueadores, por ex.) cabe ao médico assistente.
Sempre correlacionar as probabilidades pré e pós teste. Nem só de segmento ST se faz o teste ergométrico.
Comportamento hemodinâmico:
Comportamento da PA:
Déficit cronotrópico:
PARÂMETROS DO TESTE ERGOMÉTRICO INDICATIVOS DE SEVERIDADE E MAU PROGNÓSTICO NA DAC:
Causas de depressão não isquêmica no segmento ST
Os distúrbios de condução ventricular, sejam pelo ramo direito ou esquerdo, desencadeados pelo exercício, isoladamente são considerados inespecíficos para o diagnóstico de resposta isquêmica. Podem ser valorizados na presença de dor precordial ao esforço ou em populações com alta prevalência de DAC. O mesmo princípio se aplica para arritmias, em especial arritmias ventriculares no pós-esforço.
Cabe ao médico clínico / internista saber solicitar e avaliar os resultados do teste ergométrico, exame este cada vez mais solicitado na rotina diária da clínica médica ou geriatria. Vale ressaltar que segundo o código de ética médica é vedado ao médico isentar-se de responsabilidade por qualquer exame ou procedimento indicado por ele, podendo inclusive ser responsabilizado judicialmente em casos de possíveis complicações. A otimização de avaliação pré e pós-teste, assim como o bom senso clínico, são ferramentas importantes para evitar-se qualquer prejuízo para o paciente, seja na etapa de diagnóstico, estratificação ou conduta.